andando pela vila madalena, um grupo de três turcos parou para pedir informação…
Eles eram alguns dos artistas que vão se apresentar até o fim do mês no SESC, que promove um intenso intercâmbio com Istambul.
Procurei Talita Miranda, uma das envolvidas, para saber mais do festival. Olha o que ela disse:
1) Como nasceu o festival?
Talita Miranda: Ilhan (do Nublu) e eu já pensamos há uns três anos na idéia de trazer Istambul ao Brasil de alguma forma por causa da riqueza histórica e relevância artística contemporânea. Ilhan viveu a infância indo pra lá e toca com os músicos turcos a anos, então essa vivência sempre foi presente nele e no Nublu, onde sempre convivi muito. Sempre quisemos trazar o aspecto artístico independente das questões mais enraizadas na política ou economia. Levamos a idéia ao SESC e eles abraçaram o projeto.
2) Qual sua relação com a cidade de Istambul?
TM: é uma relação de grande afeto e curiosidade. Istambul é um lugar de riquíssima história, num ponto único. Convivo com turcos faz anos e tenho grandes amigos artistas ali. As idéias em relação a artes visuais e música surgiram nessa ponte, pensando em desfazer estereótipos e olhar a cultura como ela é…com tantas etnias em uma só coisa.
3) Você consegue fazer algum paralelo entre SP e Istambul?
TM: Existe um comparativo entre essas duas cidades caóticas, conturbadas e ao mesmo tempo muito culturais, com pessoas querendo olhar para o mundo. São cidades que simbolizam um pólo multidisciplinar e internacional também. É claro que estamos falando de pontos geográficos muito distintos e com religiões diferentes…e artes diferentes. Ambos países eram considerados de terceiro mundo há pouco tempo e estão em uma nova relação de poder e economia que afeta a expressão artística, principalmente dos jovens.
4) Teatro, fotografia, arte, música, tudo isso está presente no festival. O que chama a sua atenção na produção cultural turca?
TM: A mescla entre tradicional, folk, regional com o novo e contemporâneo, a mistura de oriente e ocidente junto com elementos religiosos. Claro que em qualquer lugar o que é contemporâneo propõe e expressa a memória de gerações com uma releitura, mas o diferencial é que na cultura deles isso deriva de uma miscelânea de etnias e códigos que tratam de inclusão, imigração, religião, vida urbana, Europa e Ásia.
Cola lá!